domingo, 19 de junho de 2011

Algarviana Junho 2011




“Esta reportagem não é para ser lida é para irem lendo…desculpem a extensão mas não duvidem que mesmo assim só descreve um terço do que devia descrever”




Após algumas semanas de incerteza quanto á realização deste evento, pois o que era um passeio de 25 em Junho de 2010, em Junho de 2011 foi de 9 corajosos que não temeram os tempos difíceis que por aí vinham….e pelo que vi….estes estão todos preparados para as medidas da Troika…..
Saída de Alfragide pelas 18h15, na companhia do Adalberto e já no veículo oficial da Algarviana, a caminho da loja Bike Mania no Seixal. A travessia da ponte 25 de Abril, fez-se quase ao ritmo das subidas á “americana” e só pelas 19h20 é que conseguimos chegar ao primeiro destino, para “carregar” a carga e os corajosos.
Infelizmente e logo á chegada ao Seixal, recebo uma notícia nada agradável, o nosso mecânico oficial, por razões profissionais, não iria fazer parte desta grande epopeia e de 9 passamos 8, mas um pouco mais tarde surge a notícia de que o José Jorge, não se deu por vencido e já estava no comboio e vinha ao nosso encontro passando assim a 9 novamente.
Saída por volta das 21h com tudo arrumado e bem instalado, com duas pequenas paragens em Beja e Mértola para aconchegar o estômago e beber um café, remeteu a chegada a Alcoutim por voltas da 00h15.
Montagem e preparação das Bikes foi feita á chegada a Alcoutim, pois já estávamos no dia 0 e o dormir tinha de ser acelerado para aproveitar o mais possível.

1º Dia

Alcoutim > Barranco do Velho


Após os habituais atrasos na saída, demos o tão desejado inicio com a saída da Pousada da Juventude em direcção ao Km 0. Para mais tarde recordar, eu (Almeida), o Osório, o Carvalho, o Vítor, o Pereira, o Escaleira, o Andorinha, o Miguel e o Zé, pousamos para a foto do grupo da praxe e vamos lá que já se faz tarde.
O 1º objectivo dava pelo nome de Balurcos a 24,2km, com inicio inclinado de forma ascendente, junto ao Rio Guadiana, num ritmo calmo, porque o dia era longo e as energias tinham de ser poupadas, ‘Bocas’ para cá e para lá e cedo chegou a grande contrariedade de todo o fim-de-semana. Por volta do km 12, queda do Escaleira com consequências irremediáveis, a obrigar uma ida até ao centro de saúde de Alcoutim, cujo desfecho foi de ter de haver corte e costura de uma simpática enfermeira, segundo reza a crónica. Mais uns kms e nova adversidade, desta vez apenas com consequências mecânicas, um duplo furo do Andorinha, furo duplo, porque a câmara-de-ar suplente também estava furada. Tempo aproveitado para tirar algumas fotos comprometedoras, que foram alvo de ofertas em €€ bastante tentadoras por parte dos envolvidos, para evitar constrangimentos, (estou ainda a pensar no que fazer com as respectivas). A chegada a Balurcos ficou marcada pela ausência de noticias do camarada Escaleira, contudo, arrancamos para a etapa seguinte e aqui vamos nós a caminho de Furnazinhas, sector com apenas 14,3km, mas constante sobe e desce, até que chega a esperada noticia, o Escaleira estava bem (dentro do possível) e que o condutor de serviço, (na altura o Vítor Silva), ia juntar-se ao grupo no final deste sector, assumindo o Escaleira o banco do condutor, e não é que o rapaz até veio a demonstrar jeito para a coisa!
O 3º Sector levava-nos até Vaqueiros com 20,3km de extensão, num trajecto seco, muito árido e bastante acidentado, cruzado por algumas linhas de água de pequena dimensão e por volta do km 10, uma subida com um grau de inclinação de a rondar os 15% e a obrigar a sujar as botas… isto porque em cima da bicicleta só mesmo o Osório. Consumidos os primeiros 50km do dia e nova baixa, esta por falta de resistência. O camarada Adalberto acabou por se render á elevada exigência física que o percurso impunha, (apesar de todas as brincadeiras á que louvar a força de vontade de alguém que tentou fazer algo muito difícil mas infelizmente não estava fisicamente preparado para o fazer. Deixa lá camarada por certo vão haver mais oportunidades). A chegada a Vaqueiros foi saudada pelo abastecimento que nos esperava, umas sandes deliciosas para matar quem nos tentava matar, (a fome), acompanhadas de umas colas e minis bem frescas… depois de reabastecidos e recuperadas as forças, toca a pedalar em direcção a Cachopo. Para não variar, terreno muito seco, calor abrasador e subidas a condizer. Aqui e com o acumular do desgaste, o ritmo ficou ainda mais brando e a chegada a Cachopo já se fez pelo final da tarde, (eu cheguei eram 18h15m). Todos estes atrasos, acabaram por levantar dúvidas quanto a realização do último sector, pois ainda eram 30km e a segundo a informação que disponhamos, eram 30km muito duros. Após dúvidas e convicções, acabamos por partir apenas 4 para o sector, que rapidamente se dividiram em 2 grupos, o pessoal da 1ª liga, o Osório e Zé e a liga de honra, eu e Vítor. A informação revelou-se certeira e o percurso tinha 5 duras subidas e 4 descidas vertiginosas (a ajudar á festa, fiquei quase sem o travão de traz para o resto dos dias, a avaria não se conseguiu resolver, travava muito pouco ou nada). Na 4ª subida íngreme, perto de Javali, decidimos por unanimidade, fazer os últimos 10km por estrada, assim foi. No entanto as fraquezas apoderaram-se do Vitor e os últimos 3km já os fizemos a bordo da viatura de apoio. Chegada á residencial por volta das 21h20, já com pouca luminosidade e muita fome… acreditem que apesar de algumas vozes mais criticas sobre o jantar, eu achei excelente, (Esparguete com Javali estufado) … huuuummmmm… como o cansaço já se tinha apoderado de todos, cedo chegou a hora do Descanso dos Guerreiros.Alcoutim > Barranco do velho
2º Dia
 
Barranco do Velho > Silves

Foi sem dúvida um dia que se enquadrava mais nas minhas características, percurso mais rolante, as subidas não eram excessivas, ritmo acelerado (tudo dentro dos limites exigidos pela lei). 1º Objectivo, Salir a 14,9km, passagem por algumas aldeias quase desertas onde a nossa passagem se fez sentir de forma ensurdecedora, para os moradores pois só mesmo o barulho dos bichinhos se fazia sentir e paragem em Salir onde se encontrava a carrinha de apoio para o habitual abastecimento, sempre muito eficaz. Objectivo 2 neste dia foi Alte, mas a paragem só se realizou já quase em S.B.Messines e lá foram mais 19,3km. Sem esquecer a passagem pela maravilhosa praia fluvial de Alte, que deu direito a colocar os pés na água fresca e foi com um doping para o resto do dia. Almoço em S.B. Messines as escolhas a penderem para o bitoque mas eu dei preferência ao grão… escolha que acabou por se revelar acertada, porque além de saboroso permitiu recompor as forças para o resto do dia. Etapa seguinte a terminar em Silves, com o calor a fazer-nos centrar o pensamento na piscina do Hotel que se encontrava a 27,6km de distância. Grande parte deste percurso foi feita num vale fluvial, com uma paisagem de cortar a respiração. A mistura da água com o verde e com o castanho de algumas zonas secas… aqui a velocidade foi mais elevada e desta vez o meu material cedeu, parti um raio da roda de traz, nada que retirasse a motivação… chegada á Barragem do Funcho com uma surpresa que fez todo o pelotão chegar as lágrimas aos olhos (de emoção claro), a carrinha com o Adalberto e o Escaleira a dar apoio com maças, água fresca e sei lá o que mais… foi mesmo uma bênção de Deus. Aqui se prova, mais uma vez, que a dupla Adalberto/Escaleira são imbatíveis neste tipo de apoio, mais uma vez parabéns! Despedida desta dupla com um até já, tivemos algo que o Osório já nos tinha avisado… e… toca a subir, subir, subir… acho que ao fim de 3km ainda estávamos a subir… ”Ohhhhh Vitor, fo…..-se” nem com a avozinha nem á americana nem sei lá o quê!!! Só sei que quando cheguei ao topo, olhei para baixo e fiquei sem palavras por tudo o que via… depois foi sempre a abrir até Silves, com a velocidade a rondar os 40 km/h!
Chegada ao Hotel por volta das 17h, descanso e o prometido banho na água gelada da piscina mas ao mesmo tempo medicinal para os músculos.

3º Dia
 

Silves > Marmelete
 
Este dia tinha destinados só 2 sectores… e porquê??? Porque era a chamada etapa rainha… Ah pois é… a 1ª etapa terminava em Monchique, 28,2km, que foram concluídos em aproximadamente 5 horas. Logo á saída de Silves, parti a corrente (+/- 4km), …rápida reparação… e o esperado toca a subir… de seguida, uns 15 km, num constante sobe e desce de partir pernas e cortar o fôlego, seguido de um descer até á cota de 105 mt de altitude, para depois num espaço de 4 ou 5km subir até aos 800 mt, na Picota… aí a vista é realmente inesquecível e alcança uma grande extensão do Litoral do Algarve. Depois de uma extenuante subida foi mesmo reconfortante desfrutar daquela vista… não me posso esquecer de todo o calor, da seca do Bidon e do Camelbak, que só uma fonte de nascente num quintal terminou… momento inesquecível… após uma curta conversa no cimo da Picota, com jovens visitantes, descida alucinante por um verdadeiro Single Track até Monchique… espectáculo divinal… só podia ser mesmo assim para recompensar todo o sacrifício e sofrimento vivido até então.
Almoço de faca e garfo, um bifinho grelhado com arroz para retemperar as poucas forças que sobravam. Após o reabastecimento toca a subir, novamente, passagem no Convento do Desterro, um dos patrimónios mais conhecidos da vila, incompreensivelmente em ruínas. Seguiu-se a travessia de um bosque de eucalipto e subimos em direcção ao ponto mais alto do Algarve, a Fóia (902 metros de altitude). Aos poucos, a paisagem típica da montanha revela-se povoada de arbóreo escasso, mas com densa vegetação rasteira e numerosos afloramentos rochosos. Mais à frente, encontramos um vale muito semelhante às paisagens dos Açores, onde vacas pastam em tranquilos terraços agrícolas. Ao fundo, vislumbramos o nosso destino final, o Cabo de São Vicente. Nova foto de grupo e toca a descer até Marmelete, pois já se faz tarde… a partir daí foi sempre a descer até á Aldeia aonde nos esperava uma grande caracolada, para lembrar o ritmo do dia, média de 7,9km/h... fantásticos… nunca na minha vida, nem mesmo com o David, o meu filho nos passeios familiares… este dia ficará para sempre na minha memória como o dia de maior sofrimento de toda a minha curta vida de BTTista, só posso dizer que valeu a pena… por tudo e por todos os que comigo partilharam este sofrimento bem de perto e eu o deles por certo… nesta etapa… (Pereira, Vítor e Andorinha).

4º Dia

Marmelete > Cabo de São Vicente
 
Depois de tantos Km na companhia de todos os que pedalavam e dos que nos deram apoio, (tão importantes que eles foram), eis que chega o dia da consagração… afinal, uns mais outros menos, todos tivemos momentos de dor para poder levar a nossa vontade de chegar ao fim. No entanto e infelizmente, reparei que existia em alguns com doses muito elevadas de “esteróides” mal “queimados”, nos dias anteriores e a consagração acabou por dar lugar a um ritmo diabólico de salva-se quem puder. Por certo que não era isto o desejado, colocando em causa a realização de um sonho de todos, que era terminar bem e em segurança. Neste dia além do cansaço existiu uma contrariedade adicional, que foi o vento, soprava forte e muitas vezes contra, o que transformava uma recta plana numa subida íngreme. Paragem na Vila do Bispo para um reagrupamento, mais uma vez comprovou-se que ainda alguns tinham muitas calorias para queimar, voltando a colocar essa sua prioridade acima de uma chegada conjunta e triunfante.


Não querendo esquecer ninguém e espero que estes meus agradecimentos não sejam mal interpretados, agradeço o grande apoio do Pedro Escaleira, que mesmo em dificuldades e com um nível elevado de frustração por não poder cumprir um sonho, não abandonou ninguém colocando sempre o seu espírito de sacrifício em prol da ajuda de todos. Mais uma vez um grande obrigado Escaleira pela tua disponibilidade e boa disposição… onde não faltou um grande Show Strip durante a ultima etapa
 


 
948 fotos em: (As fotos publicadas são de 4 elementos minhas, Osórios, José Jorge e Vitor Silva, chamo a atenção também para o facto de não estarem todas pela ordem cronológica pelo facto de existirem máquinas com horas diferentes e dificultam assim a respectiva ordenação)
 
 
Um abraço a todos

Pedro Almeida